segunda-feira, 30 de março de 2009

A Água...Qualidade precisa-se





As Razões

Um Aquário equilibrado atrai os olhares e a curiosidade de quem entra em nossa casa, escritório ou empresa, libertando e ao mesmo tempo criando um fascínio e um encanto quase irresistíveis.
Os Peixes ornamentais com as suas muitas cores e formas, juntamente com as verdejantes Plantas, criam um espaço natural, não só decorativo, que oferece ao nosso mundo industrializado e agitado, um porto de abrigo e descanso, propício a momentos de puro prazer visual que origina fugas momentâneas ao nosso dia.
No entanto e para que a Fauna e a Flora do mesmo possam aparecer no seu máximo esplendor, as condições oferecidas pelo Aquário, devem corresponder em larga escala às existentes na Natureza, portanto no Biótopo natural das espécies escolhidas. Mas devo deixar aqui um alerta para a realidade com que nos deparamos: hoje em dia a maioria dos Peixes de água doce são reproduzidos em cativeiro pelo que devem perguntar ao Vosso fornecedor ou analisarem a água dos sacos em que levam os Peixes, de modo a corrigir (se necessário) os parâmetros da água do Aquário.
O equlíbrio biológico e, por consequência, o bem-estar dos Peixes e das Plantas, depende principalmente da qualidade da Água. Assim vou tentar explicar como manter e testar os valores mais importantes da qualidade da Água.


Água da Torneira: ‘Sim’ ou ‘Não’?


As propriedades da água dependem do local onde é recolhida. A água da chuva, inicialmente pura, polui-se na atmosfera, em particular sobre as zonas industriais, ficando carregada de substâncias nocivas. Aquando da infiltração nos solos, a sua somposição química muda novamente, em função das propriedades e grau de poluição das camadas geológicas, onde geralmente se encontram o Sulfato de Cálcio, Carbonato de Cálcio, Carbonato de Magnésio, Cloreto de Sódio e Cloreto de Potássio, entre muitos outros elementos.
O tratamento da Água e as condutas da mesma, acrescentam novas substâncias nocivas para os Peixes, onde se destacam o Cloro, o Cobre e o Zinco. Atendendo a tudo isto, a composição da Água da Torneira vai variando de zona para zona, tendo os processos biológicos e químicos um papel suplementar nas propriedades da mesma. Tenho que deixar aqui outra nota: no Verão ou tempos de pouca Chuva, levam a que muitas vezes as companhias que tratam a Água, lhe acrescentem Amoníaco para além do Cloro o que origina o aparecimento da Cloramina. Tenham o cuidado de verificar se o ou os acondicionadores que usam, são eficazes na eliminação de Cloraminas.


Assim o tratamento, que se designa também por acondicionamento, da Água com produtos de qualidade, é uma das condições essenciais para manter Peixes e Plantas em boas condições.
As marcas actualmente disponíveis (mais do que suficientes) no nosso mercado (e com maior apoio científico), têm dados concretos sobre os cursos de Água dos países de origem e respectivas condições ambientais, o que lhes permitiu criar e comercializar uma vasta gama de acondicionadores, correctores e envelhecedores, no sentido de levar os parâmetros mais importantes da Água, a valores muito próximos dos existentes nos locais de captura (espécies selvagens) das diferentes espécies.



Os Parâmetros
Cada Torneira e consequentemente cada Aquário, tem um conjunto de propriedades químicas particulares. As componentes a seguir indicadas, revestem-se do maior interesse para a estabilidade do Aquário, a saúde dos animais e um crescimento saudável das Plantas.

A Dureza total: dH (escala francesa) gH (escala alemã)
Essencialmente definida pela concentração de sais de Cálcio e Magnésio, o que leva a que quando a concentração destes é elevada, estamos com uma água Dura e quando é baixa teremos uma água Macia.
A dureza total (gH na escala alemã e dH na escala francesa), tem influência nas funções orgânicas de todos os seres aquáticos. Um valor propício à reprodução e manutenção da maioria das espécies oscila entre os 6gH (10dH) e os 16gH (28dH).

A Dureza Carbonatada: kH
Claro que para além dos Sais de Cálcio e Magnésio, anteriormente referidos, todas as águas contêm outros componentes salinos apelidados de Bicarbonatos. O valor kH, na escala alemã, é a do pH, impedindo oscilações bruscas (a queda ácida ou acidificação repentina) controlando pois os valores deste.
Para além desta ligação directa ao índice do pH, a dureza carbonatada influencia o bem-estar de todos os organismos vivos presentes no Vosso Aquário.
Recomendo como valores médios de 3kH (6dHCa) a 10kH (17dHCa).
Nota: dHCa na escala francesa.
O grau de acidez: pH
O pH varia na razão directa de todas as substâncias ácidas ou básicas, dissolvidas na Água, acidificando-a ou alcalinizando-a.
A água quìmicamente pura apresenta um pH igual a 7, sendo este valor designado como Neutro.


Os ácidos e os componentes alcalinos estão portanto em equilíbrio. Quanto mais alta a concentração de ácidos mais baixo é o pH. Quanto mais os componentes alcalinos, mais alto é o pH.
Uma descida súbita do pH, a chamada ‘queda ácida’, pode acontecer numa água Macia, quando os bicarbonatos Tampão se esgotam (kH). O conjunto Peixes > Plantas > Micro-organismos é muito sensível a variações bruscas do pH. Valores oscilando entre os 6,5 e os 8,5 são tolerados pela maioria das espécies de água doce. Na água salgada (que é uma história de outras páginas) devem mantê-lo entre 8,0 e 8,5.
Os Peixes das chamadas ‘águas negras’,preferem valores de 6,0 a 7,5.
Os Peixes Africanos (Percas e Ciclídeos) sentem-se à vontade de 7,5 a 8,5 e um gH elevado.

NH3 * NO2 * NO3
Amoníaco * Nitritos * Nitratos

A urina e as fezes dos Peixes, juntamente com os resíduos das Plantas e da comida, provocam uma série de reacções na água do aquário, que podem ser descritas de uma forma mais ou menos simples. Ora vejamos:
- o primeiro ‘visitante’ é o Amoníaco, tóxico, ou o Amónio, atóxico. Nesta fase o pH tem um papel importante. Desde que se mantenha inferior a 7,5 surgirá o Amónio, mas, se for superior a 7,5 detectaremos a subida do Amoníaco, que como já referido é tóxico para os Peixes. Uma concentração de Amoníaco de 0,1mg/litro já afecta os Peixes mais frágeis. Em concentrações de 0,5 a 1,0mg/litro, os animais podem morrer.

As bactérias do género Nitrosomonas são tão trabalhadoras, que decompõem o Amoníaco ou o Amónio em Nitritos.

- os Nitritos são no entanto igualmente tóxicos e muito nocivos para os Peixes. Precisamos pois de um filtro (ou filtros) biologicamente activo (que deverá conter sera siporax aditivado com sera nitrivec), pois só em Aquários com uma filtragem eficaz se podem conseguir concentrações de Nitritos inferiores ou iguais a 0,1mg/litro. A médio/longo prazo, o teor de Nitritos não deverá ultrapassar as 0,25mg/litro, já que a partir de 0,5mg/litro se torna preocupante para o bem estar e saúde dos animais.

Na última etapa do Ciclo da Decomposição do Azoto, as também muito trabalhadoras bactérias do género Nitrobacter, vão decompor os Nitritos em Nitratos, os quais são relativamente menos nocivos.

- os Nitratos servem, entre outros elementos, como substâncias nutritivas para as Plantas, mas se em concentrações elevadas tornam-se, também eles, perigosos para os animais e favorecem o crescimento de algas (o que pode tornar-se um flagelo).

Quando em quantidade inferior a 25mg/litro, a água não está poluída. Se entre os 25 e os 100mg/litro, particularmente na Água Salgada, aconselho as mudanças parciais de água, de 10% do volume total pelo menos uma vez por semana. A água diz-se muito poluída quando a concentração é superior às 100mg/litro. Neste caso há que ponderar uma lavagem total do aquário e respectivos filtros.


O Dióxido de Carbono: CO2

Um elemento essencial no desenvolvimento das Plantas. No entanto um controle rigoroso da concentração torna-se necessário, pois o risco de intoxicação dos Peixes aumenta. A dose ideal situa-se entre as 5 e as 15mg/litro e repito aqui a noção de que doses mais elevadas durante largos períodos de tempo, afectarão os animais, bem como as bactérias dos filtros biológicos.


O Oxigénio: O2

Eis o elemento mágico do Vosso Aquário. A base da existência dos Peixes e das Plantas. Durante o dia, na presença da Luz, a flora absorve o Dióxido de Carbono (CO2) e liberta o Oxigénio (O2): a Fotosíntese. Os Peixes absorvem o Oxigénio através das guelras (ou brânquias). Ao mesmo tempo todas as bactérias necessitam de Oxigénio, particularmente as que participam no Ciclo da Decomposição do Azoto.

Durante a noite, na ausência da Luz, as Plantas libertam Dióxido de Carbono e consomem Oxigénio. Pode portanto acontecer que, em Aquários mal arejados,em que é pouca a circulação de água, o teor de Oxigénio seja mais baixo de manhã do que à noite. Designarei como Concentração de Saturação a capacidade máxima de absorpção de Oxigénio pela água, que varia com a temperatura e que pode ser quantificada em mg/litro. A concentração não deverá nunca ser inferior a 20% dos valores que a seguir indico como referência. Um baixo teor de Oxigénio e a consequente falta do mesmo, implicará necessariamente uma degradação geral dos Vossos Peixes.

Concentração de Saturação

Valores relativos saturação a 100%

Temperatura------------------------------------mg de O2 por litro
......5ºC.................................................................12,8
.....10ºC.................................................................11,3
.....15ºC.................................................................10,6
.....20ºC..................................................................9,1
.....25ºC..................................................................8,3
.....30ºC..................................................................7,6
.....35ºC..................................................................6,9

Os Testes
Chamada que está a atenção para a importância dos diferentes valores intervenientes na qualidade da água, pois que as necessidades biológicas variam de espécie para espécie, não quero que se assustem com o lado químico do Vosso Aquário!
Hoje em dia, com a oferta de testes e reagentes em separado ou em ‘kit’, analisar a água é quase uma brincadeira de Crianças.
O modo de utilização e leitura dos resultados obtidos, estão pormenorizadamente explicados nos folhetos que geralmente acompanham (ou deviam acompanhar) todos os Testes.
Assim podemos testar a água da torneira, do poço, do lago, do rio, sem perda de tempo e de um modo simples e eficaz.
Consultem o Vosso fornecedor habitual e adquiram aquilo que Vos faz falta! Não esgotem o ‘stock’. Poderão, se forem daqueles Aquariófilos preocupados, adquirir testes de 2 marcas diferentes para compararem resultados e actuar (ou não) de acordo com o que pretendem.

Atitudes a tomar
Não existe nem pode existir uma regra mágica que nos permita obter uma água ideal para o Aquário, pois não há dois Aquários iguais. Cada um representa um espaço vital único no seu género. As razões disto são a diversidade de Plantas e de Peixes, a qualidade ou não da água da torneira e também o tamanho do Aquário.
Por tudo isto mais uma vez Vos recomendamos que peçam conselho ao Vosso fornecedor habitual, que, de acordo com as espécies por Vós escolhidas, Vos dirá quais os valores médios dos diferentes parâmetros que mais convenientes serão para as mesmas.
Caso a água do Vosso Aquário não esteja em condições de receber a Flora ou a Fauna, confiem mais uma vez no Vosso fornecedor. Como referido nas primeiras linhas, se quiserem ‘corrigir e domesticar’ a Vossa água, têm um sem fim de produtos que podem escolher ou que podem escolher por si. Depois é continuar com os que demonstraram o seu real valor.
Mas para tentar racionalizar tudo isto, indico a seguir algumas regras básicas, que se forem seguidas, Vos trarão alguns sorrisos de alegria e a satisfação de terem realizado o Vosso sonho: um Aquário (quase) perfeito!

- renovação parcial de água a intervalos regulares
Hipótese nº1: 10% todas as semanas
Hipótese nº2: 25 a 30% mensalmente

tendo em conta que em qualquer uma das situações a água a utilizar deverá estar já tratada e com valores aproximados ou iguais aos do Vosso aquário.

- certifiquem-se do crescimento das Plantas, pois é sinónimo de consumo de Nitratos. Se recorrerem a adubos, utilizem os isentos de Nitratos e Fosfatos. Retirem as folhas mortas e desistam das Plantas que não se adaptam ao Vosso Aquário.

- mantenham uma filtragem equilibrada de acordo com as necessidades dos hóspedes escolhidos.

- mudem água de imediato no caso de altas concenrações de NH3 (Amoníaco) ou NO2 (Nitritos).

- evitem o excesso de animais.

- não distribuam comida de modo exagerado.

- não se esqueçam que por muitas histórias que Vos contem, quando se instala um Aquário, são precisas de 4 a 6 semanas para que a actividade biológica do filtro (ou dos filtros) esteja quase normal.

1 comentário:

  1. Bom dia “amorinha”.
    Eu ate poderia chegar aqui e somente dizer: Visite meu Fórum! Colocando abaixo o link para ele; mas acho que alem de ser de extremo mal gosto, uma possível demonstração de má educação da minha parte iria parecer ate mesmo algo como SPAN uma coisa normalmente detestada entre todos os internautas.
    Não o farei.
    Seu blog é muito bem feito e bem interessante, boas matérias e ótimas fotos. Parabéns por ele.
    Magro – Moderador do Aquaflux.

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